POTENCIALIDADES DAS NARRATIVAS ORAIS COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA INOVADORA E INTERDISCIPLINAR NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO
Resumo
Contextualizar o ensino de forma a torná-lo uma prática satisfatória ao discente que atenda sua individualidade e que priorize o espaço onde ele está inserido é desafiador. Este artigo teve o objetivo de investigar como as narrativas orais de histórias de vida na Amazônia podem contribuir como possibilidades comunicativas da cultura e indicar como essas trajetórias personalizadas podem ser utilizadas em sala de aula. Para isso, optou-se pelo trabalho com história oral, a partir de relatos de moradores da localidade, obtidos através de entrevistas com gravações de áudios. O trabalho foi desenvolvido no Instituto Federal do Acre, IFAC - campus Tarauacá, durante os meses de setembro de 2020 a agosto de 2021. A análise dos dados ocorreu com base nos pressupostos teóricos da análise textual discursiva (ATD). Ao final, foram produzidas 12 narrativas do gênero memórias - histórias de vidas, nas quais procurou-se caracterizar os perfis dos sujeitos e o contexto em que as narrativas ocorreram, por meio de elementos presentes nas narrativas, que remetem a aspectos temporais, espaciais, culturais e semânticos, por meio de figuras de linguagem, como a metáfora, a comparação, a gradação, a prosopopeia, hipérbole e o eufemismo que podem ser usadas na prática docente. As memórias individuais e coletivas dos sujeitos permitiram traçar um panorama da localidade, desde a época dos seringais aos dias atuais, evidenciando acontecimentos, lugares, personagens, costumes, devoções, organização familiar, social, econômica, cultural e religiosa, além de valorizar as experiências das pessoas idosas, levando-as a se enxergarem como sujeitos dentro dos processos educacionais e sociais.
Referências
ALMEIDA, L. R.; PRANDINI, C. A.; SZYMANSKY, H. A entrevista na pesquisa em educação. Revista Educação em Questão, São Paulo, v.57, n.53, p.1-4, 2019.
BARBOSA, J. F. Narrativas orais: performance e memória. 2011. Dissertação (Mestrado em Sociedade e Cultura na Amazônia) – Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2011.
BATISTA, G. A. Entre causos e contos: gêneros discursivos da tradição oral numa perspectiva transversal para trabalhar a oralidade, a escrita e a construção da subjetividade na interface entre a escola e a cultura popular. 2007. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Estadual de Taubaté, Taubaté, 2007.
BRASIL. Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Dispõe sobre a criação dos Institutos Federais. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 05 jul. 2022.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução nº 2, de 7 de abril de 1989. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais. Diário Oficial da União, Brasília, 15 de abril de 1988.Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 05 de jul. 2022.
BENJAMIN, W. Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. 3. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985.
CANDAU, J. Memória e identidade. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2019.
ELIADE, M. O mito do eterno retorno. 1. ed. São Paulo: Mercuryo, 2002.
FERRANTE, M. J. Seringal. 2. ed. Rio Branco: Ufac/Fundape, 2003.
FREIRE, Paulo. Importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1989.
FRIGOTTO, G. A interdisciplinaridade como necessidade e como problema nas ciências sociais. Revista do Centro de Educação e Letras, Rio de Janeiro, v.10, n.1, p. 41-62, jan./jun., 2008.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed., São Paulo: Atlas, 2010.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia E Estatística. Disponível em:
https://cidades.ibge.gov.br. Acesso em: 05 jul. 2022.
KOCH, I.V; ELIAS, V. M. Os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006.
LE GOFF, J. História & Memória. 7. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2013.
LIRA, T. M. Comunidades ribeirinhas da Amazônia: organização sociocultural e política. Revista Interações, Campo Grande, v. 17, n. 1, p. 66-76, 2016.
MORAES, R; GALLIAZZI, M. Análise Textual Discursiva: processo reconstrutivo de múltiplas Faces. Revista Ciência & Educação, São Paulo, v.12, n.1, p. 117-128, abr. 2006.
MEIHY, J.C.S.B; SEAWRIGTH, L. Memórias e narrativas: história oral aplicada. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2020.
MEIHY, J. C.S. B. Os novos rumos da história oral. Revista de História, São Paulo, v.2, n.155, p.191-203, mar. 2006.
MORAN, J. M; MASETTO, M. T; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 21. ed. Campinas: Papirus, 2013.
MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
PERAZZO, P. F. Narrativas Orais de Histórias de Vida. Revista Comunicação & Inovação PPGCOM/USCS, São Caetano do Sul, v.16, n. 30, p. 120-131, jun./ abr. 2015.
RIBEIRO, P. M; CASSUCE, F. C. C; Curi, R. L. C. Desigualdade e estrutura familiar: análise comparativa. Revista de Desenvolvimento Econômico-RDE, Salvador, v.1, n.42, p. 33-60, abr. 2019.
RIBEIRO, P. R. M. História da educação escolar no Brasil: notas para uma reflexão. Revista Paidéia, Ribeirão Preto, P. 17-30, v.3, n.4, p. 17-30, mar.1993.
SANTOS, B. M. S. História, memórias educacionais e diálogos interculturais no contexto escolar da fronteira Brasil/Bolívia. 1. ed. Porto Velho: Temática Editora, 2021.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed., São Paulo: Cortez, 2007.
SOUZA, C. A. A. História do Acre: novos temas, novas abordagens. 8. ed. Rio Branco: Editora Carlos Alberto Alves de Souza, 2013.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 João Ricardo Avelino Leão, Francisco Gilberto Mendes dos Santos
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.